Quase 70% das empresas nacionais quer investir em serviços digitais ativados por voz

Quase 70% das empresas nacionais quer investir em serviços digitais ativados por voz

Matéria originalmente publicada no site Jornal Econômico 09 Julho 2020, 08:30

“No mercado europeu foram distribuídos mais de 22 milhões de unidades de ‘smart speakers’ em 2019, sendo esperado um crescimento anual de 18,1% até 2023. Portugal apresenta-se, assim, como um país onde a interação por voz começa a ganhar representatividade”, concluiu um estudo da consultora Deloitte, em parceria com o movimento MUDA.

A maioria (69%) das empresas portuguesas está interessada em disponibilizar aos clientes serviços digitais ativados por voz e, das organizações que os têm, 24% pretende investir em novos durante os próximos 12 meses, concluiu um estudo da consultora Deloitte, a que o Jornal Económico teve acesso.

Ainda que quase metade não tenha data para realizar este investimento, a aposta do tecido empresarial português nesta área tem que ver com o facto de 91% dos profissionais inquiridos referir que os consumidores têm interesse (ou “muito” interesse) em utilizar a interação por voz em serviços digitais, o que para a Deloitte se explica com o atual contexto sanitário.

“Os comandos de voz permitem interagir com aplicações digitais de forma muito mais rápida e reduzem a necessidade de contacto físico, o que no contexto atual se tornou mais relevante”, refere o partner Sérgio do Monte Lee. Na sua opinião, um dos benefícios é também a aceleração da inclusão digital. “Sendo uma forma mais natural de comunicação, minimiza necessidades de formação para a conversão digital e permite alcançar uma percentagem da população historicamente excluída do mundo digital, como pessoas com dificuldades visuais e ou com reduzidos níveis de literacia”, defende.

Para os gestores, os consumidores prezam estes serviços sobretudo para: pesquisa de informação (79%), criação de alertas e marcações em agendas (78%), ativação de dispositivos (63%) e navegação e meteorologia (60%). Só 18% considerou que seria útil para as compras online, porque associar a voz ao método de pagamento ainda causa preocupações quanto à sua segurança, de acordo com os especialistas.

Essa ideia é notória na rotina da generalidade dos portugueses, que tende a recorrer à voz para atender uma chamada no carro, procurar localizações no GPS do telemóvel ou, no caso das ‘casas inteligentes’ (smart homes), acender as luzes, ligar a música ambiente ou colocar o alarme a ler notícias e a dizer a meteorologia. Aliás, se quisesse publicar este texto em idiomas como inglês, alemão ou espanhol poderia simplesmente ditá-lo para o ecrã.

Ou seja, as empresas aperceberam-se de que se a população utiliza cada vez mais assistentes de voz no seu quotidiano doméstico – em 2019 foi ultrapassado o total de 200 milhões dispositivos como Amazon Echo, Google Home Assistant ou HomePod no mundo – o mesmo quererá fazer no contacto que têm com as organizações, apesar de em Portugal o número de smart speakers não ser conhecido.

“Os desenvolvimentos tecnológicos suportados pela voz facilitam a interação das empresas com os seus clientes, criando valor para estes e garantindo uma maior eficiência e eficácia dos serviços prestados. Portugal apresenta-se, assim, como um país onde a interação por voz começa a ganhar representatividade e, para benefício dos consumidores e competitividade das empresas nacionais, espera-se que num futuro próximo exista uma adoção massificada desta tecnologia”, pode ler-se no documento. “No mercado europeu foram distribuídos mais de 22 milhões de unidades de smart speakers em 2019, sendo esperado um crescimento anual de 18,1% até 2023”, sublinham os técnicos.

Observando os setores de atividade que demonstram maior adoção deste tipo de serviços destaca-se essencialmente a tecnologia (33%), a energia (20%) e media/telecomunicações (20%). No entanto, os ramos financeiro, do turismo e do retalho/bens de consumo são aqueles que e menos valorizam esta componente.

O relatório, que tem por uma base um barómetro com uma amostra de 67 executivos portugueses, foi realizado em parceria com Movimento pela Utilização Digital Ativa (MUDA). A apresentação oficial dos resultados acontecerá num webinar que começa às 10h00 e conta com um painel de oradores composto por Alexandre Nilo Fonseca (diretor executivo do MUDA), Sérgio do Monte Lee (sócio da Deloitte), Tiago Sá (customer engineer da Google Cloud Portugal) e Nelson Luciano (especialista em dados e inteligência artificial).